Esta Casa é um testemunho vivo da perfeita sintonia de um espírito encarnado com sua Mentora Espiritual. É a concretização de uma fé cristã inabalável e da Assistência Espiritual sempre presente junto aos espíritos bem formados e incansavelmente voltados aos seus semelhantes.
A SEMEADURA
Pode-se dizer que a semeadura estava feita desde 1864, quando foi publicado “O Evangelho segundo o Espiritismo”. No capítulo XIII dessa obra, mais precisamente no item 13, vamos encontrar a bela mensagem do espírito Cárita, que inspirou à professora Marieta Nobre a criação de uma entidade destinada a “levar gratuitamente o conforto material, moral e espiritual às pessoas sofredoras, sem distinção de cor, sexo, nível social, credo religioso ou coloração política”. Isso aconteceu durante culto do Evangelho no lar, presentes o esposo, seus filhos e alguns parentes, na noite de 8 de novembro de 1946. A semente encontrara o solo fértil de corações generosos para que pudesse germinar. Estava criada a Fundação Cárita.
A GERMINAÇÃO
Apesar da boa qualidade do solo, o processo germinativo da semente de Cárita foi lento, mas seguro. Elaboração do estatuto, registro, afeiçoamento de irmãos mantenedores, aquisição de terreno, construção da sede própria foram desafios vencidos pela lúcida persistência de uma valorosa professora primaria, alimentada pelos valores da fé inabalável, aquela que remove montanhas.
O CRESCIMENTO
A planta recebia constantemente, através do intercâmbio mediúnico, os nutrientes espirituais que lhe fortaleciam a seiva. Apesar de tenra, frágil, ofertava frutos de amor ao próximo, descobrindo os infelizes que tinham “a despensa sem pão, o fogão apagado e o leito sem cobertas”.
O TRANSPLANTE
No vaso da sede provisória – o modesto apartamento da família Nobre na Praça Raul Soares -, a árvore reclamava o transplante para o local mais espaçoso, onde pudesse fixar firmemente suas raízes e expandir os benefícios. Surge o sonho da sede própria, materializado alguns anos mais tarde em terreno cedido pela Prefeitura de Belo Horizonte e posteriormente doado à Entidade, na rua Senhora as Graças, 51, bairro Cruzeiro. Era o ano de 1954. Aí se instalaram várias atividades, entre as quais escola primária para crianças com dificuldade de aprendizagem (chamadas “repetentes”), que recebiam os benefícios da pedagogia construtivista de Piaget, alfabetização para adultos, evangelização para mães carentes e seus filhos, sopa fraterna aos sábados, sacolas de alimentos básicos, enxovais para recém-nascidos e gestantes, visitas a enfermos, além de reunião pública de Evangelho e Doutrina e Mocidade Espírita.
A ENXERTIA
Em 26 de maio de 1984, novos companheiros vieram fortalecer a árvore Cárita. Trata-se dos operosos irmãos da Congregação Espírita Irmã Ângela – CEIA, cujas atividades de evangelização e tratamento fluidoterápico iniciaram oficialmente em dezembro de 1972. Por vários anos de trabalhos, o grupo se reunia em seus lares, sob a orientação espiritual da Irmã Ângela, pela médium Geralda Vieira e do Irmão Agar, pelo médium José Luiz Henriques Dutra.
Um novo direcionamento de trabalhos surge, quando em 23 de Fevereiro de 1973, o espírito de Terezinha Delamare, se manifesta ao médium Dutra, relembrando do compromisso assumido ainda no Plano Espiritual, no sentido de amparar crianças para que pudessem no futuro, se verem livres do risco do abandono e de desvirtuamento de suas vidas. Começam nesse momento as Obras Sociais Terezinha Delamare com o objetivo de angariar recursos para essa finalidade. Aos poucos, muitos companheiros queridos se agregaram ao grupo e com esse crescimento e do tratamento espiritual, a CEIA transferiu seus trabalhos para o Centro Espírita Camilo Chaves, na Rua Safira, no Prado, ampliando suas atividades para as segundas e quintas-feiras.
Em 1974, a irmã Marieta Nobre e suas filhas procuraram o tratamento espiritual passando a frequentar os trabalhos da CEIA.
Após o desencarne de D. Marieta em 1975, aos poucos ocorreu uma paralisação dos trabalhos da Fundação Cárita. Do contato da família de D. Marieta com os trabalhos da CEIA, surgiu à possibilidade de fusão das duas entidades. Nesse período, a neta de D. Marieta, Rosa Maria Nobre, busca orientação espiritual do irmão Bezerra de Menezes em Brasília, cidade onde estava residindo. Ele em sua mensagem estimula a continuidade do trabalho cristão e prevê que o outro grupo “DEVERIA SE FUNDIR Á CÁRITA MUITO EM BREVE”.
Assim aconteceu, e a fusão do patrimônio e das atividades cristãs das duas casas espíritas – Cárita e CEIA –, ocorreu na forma jurídica de incorporação. O nome da Fundação recebeu o acréscimo do adjetivo “espírita”, passando a denominar-se Fundação Espírita Cárita. Estava consumada a enxertia espiritual que viria acelerar o crescimento da boa árvore e a produção de frutos sazonados em abundância.
CÁRITA – Quem é esse Espírito amigo?
Muito pouco se sabe a respeito desse espírito de escol, autor de duas edificantes mensagens inseridas por Allan Kardec em “O Evangelho segundo o Espiritismo”. Na primeira delas há a informação sucinta “martirizada em Roma”, que identifica personagem do mesmo nome, supliciada na Capital do Império Romano no ano 137 da nossa era, a mando do Imperador Adriano.
Teria sido também, no séc. XVI, a irmã Ângela de Corbara, fundadora das freiras clausuradas da Ordem Terceira de São Francisco. Esse espírito, que inspirou o médium José Luiz Henriques Dutra e outros companheiros a criarem a Congregação Espírita Irmã Ângela – CEIA, foi percebido pela vidência de Marieta Nobre em 1972, quando visitou pela primeira vez as reuniões da CEIA, constatando ela ser a mesma entidade que se lhe apresentara à visão mediúnica, em 8 de novembro de 1946, identificando-se como Cárita.
É atribuída a esse luminoso espírito a conhecida prece de Cáritas, ditada em 25 de dezembro de 1837 e publicada na obra de “Rayonnements de la Vie Spirituelle” , editada na Bélgica
A REVITALIZAÇÃO
Essa abençoada enxertia ocorreu no momento em que a Fundação estava com poucos obreiros e sentia ainda o impacto da desencarnação da sua instituidora. Por falta de voluntários capacitados, não puderam ser mantidos a alfabetização de adultos e o ensino especializado para crianças.
A árvore Cárita passava agora a ser revitalizada pelos fertilizantes do entusiasmo e do trabalho de novos voluntários vindos da CEIA1 que se abrigaram sob suas copas associando-se ao esforço dos primitivos jardineiros2. Surgiram novas reuniões de estudo, de educação mediúnica e de evangelização. Expandia-se a procura do tratamento fluidoterápico comandado pelo benfeitor espiritual Agar. Fortalecia-se a Mocidade Espírita e a Campanha do Quilo. Ampliava-se a assistência e promoção social de irmãos carentes. Os galhos floridos anunciavam novos frutos para breve.
A ÁRVORE HOJE
A árvore hoje tem frondes que se estendem ao bairro Copacabana, região norte da cidade. É o Núcleo de Assistência, criado em 22 de março de 1997. Funciona na rua Wenceslau Brás, 107, em prédio de 705 m2, edificado em terreno de 1.080m2. Ali funciona desde 1° de setembro de 1998, o Lar-Escola Terezinha Delamare, que atende atualmente a cento e dez crianças de zero a cinco anos de idade, oferecendo-lhes alimentação saudável, formação de hábitos de higiene, atividades lúdicas, sociais e pedagógicas, repouso e Evangelização Infantil, garantindo o desenvolvimento integral das crianças.
Conheça também um pouco da hostória do Lar-Escola Terezinha Delamare: https://fundacaoespiritacarita.org.br/index.php/lar-escola.html
De agosto de 2006 até março de 2020, funcionou na mesma rua de sua sede, a Spirituale Café e Cultura. Um espaço maravilhosamente montado por amigos da FEC, que teve por objetivo a divulgação da Doutrina Espírita, por meio dos livros e DVDs. Num espaço que encantava por sua beleza e vibrações, amigos e trabalhadores costumavam realizar agradáveis encontros para um café, estreitando os laços de amizade. Por ocasião da pandemia da Covid-19, a Spirituale teve que fechar suas portas, tornando-se inviável a retomada das suas atividades.
A desativação da Spirituale, entretanto, deu ensejo à ampliação do espaço para outra frente de trabalho que já vinha sendo desenvolvida – o Bazar do Bem irmã Scheila, onde trabalhadores voluntários recebem, fazem a triagem, lavam, recuperam e vendem a valores simbólicos todas as doações recebidas na FEC. O Bazar do bem é uma fonte importante de recursos para a Instituição, assim como o Bazar Cárita, fruto do trabalho abnegado de preciosas companheiras ao longo de todo o ano, e que culmina, em um dia do ano, com as vendas e arrecadação de recursos valiosos para a manutenção das obras sociais.
A Sede da Fundação Espírita Cárita é hoje fisicamente pequena para abrigar todas as atividades assistenciais e doutrinárias que desenvolve, entre as quais se destaca a Evangelização de Espíritos, inspirada pelo Missionário do Bem, Eurípedes Barsanulfo. Não há tempo nem espaço ociosos. Trabalha-se com alegria todos os dias da semana, nos mais variados horários, em todos os locais disponíveis: salão de reuniões, salas de trabalho mediúnico, secretaria, biblioteca, sala de costura, refeitório...
Assemelha-se a uma grande colmeia de trabalhadores aprendendo a produzir o mel do Amor Fraterno.
1 José Luiz Dutra, Maria da Conceição M. Dutra, Cesomar Lopes, Kátia Lopes, Décio Moreno, Ângela Wardil, Vera Wardil , Arnon Moreno, Ethel Wardil, Renato Valerini e Dora Valerini.
2 José Nobre, Anália Nobre, Maria Christina Nobre, Júlia, Cleber Varandas, Célia Nobre, Rosa Maria Nobre, Celeste e Abigail.